12.10.14

eu olho pra ti e te vejo sorrindo
sorriso largo, lindo, sempre tão alegre
bagunço as memórias que tenho guardadas na cabeça
quando eu penso em ti elas têm paredes de espelhos
quando tu sorri uma vez, o sorriso se repete um milhão de vezes

porque tu és assim
pra mim e pro mundo

sempre te vi como um pássaro cujas penas são coloridas
enormes
e chamam a atenção
(tipo aquele pavão que eu vi uma vez no jardim da casa de algum parente da Teresa)
e tu abres as tuas asas e derramas as penas por cima de tudo
do jeito que a tua alma explode e se derrama por cima das coisas
das pessoas
de mim
sorriso largo, lindo, sempre tão alegre
e eu sou um passarinho que gosta de voar pra bem longe

duas cabeças um tanto quanto diferentes
acho que a gente só tenta se desafiar um pouco também
mostrar uma pra outra que é o que é, e não importa
isso também reflete na minha personalidade forte que a família tanto fala...

discussões
e um silêncio grande e chato se instala
na minha mente tua risada ressoa
- como é possível existir silêncio contigo por perto? -


sinto a falta da tua letra bonita, da tua comida, dos teus desenhos
do teu colo, dos teus livros, dos teus cabelos



a gente vai se amar sempre, no fim das contas
te amo







-por que tu sempre desenha tua mãe com a boca tão grande?
-porque ela tá sempre sorrindo

8.10.14

se eu te contar que senti a falta até da tua voz, promete que não vai achar estranho?
o vento tá uivando furioso lá fora
acho que esse vento já deu trezentas voltas ao redor da Antártica
três voltas ao redor e pelas ruas da cidade
três voltas ao redor de mim
e eu tô uivando pra lua cheia que tá grudada no céu

hoje eu te vi por aí e acho que meu estômago virou ao contrário

as janelas tremem e a lua me olha por trás da vidraça
sete dias atrás eu me apoiava no peitoril
pensava em ti
olhava pro mar quebrando nas rochas lá embaixo
me atirava
e daí
voltava pro meu quarto


o meu quarto ainda tá mal-iluminado



depois que te vi e meu estômago virou ao contrário,
eu te puxei pela manga do casaco de vovô que tu gostas de usar
e daí
a gente correu até a minha janela
e se atirou

o mar  no céu
a lua lá embaixo



meu coração bate bem forte quando eu te vejo
- será que ando tomando café demais ou será que é só amor? -

9.4.14

ontem amanheci domingando

porque domingo sempre foi dia de nós
na segunda é que a gente (se) desfazia
iam junto as roupas espalhadas pelo chão da morada
a confusão de lençóis
e a trança desajeitada nos meus cabelos
que tu insistia em trançar mesmo sem ter habilidade nenhuma
da janela eu te via cruzar a porta que ainda tem tinta descascando
ela só te sentia de novo seis dias depois

segunda era dia de sorriso ao contrário
os meus pés se esticavam na cama mas não encontravam os teus
quem se encaixava em mim pra dormir eram as cobertas
o travesseiro acolhia os lamentos meus


eu penso em ti muito mais do que gostaria de pensar


mandei imprimir calendários com mais domingos que o tradicional
espalhei pela cidade e escutei os velhos e mesmos comentários
sobre minha (in)sanidade e (des)obediência

eles me odeiam

mas tu não e no domingo tu vens

ontem amanheci domingando, mas era terça
hoje eu sinto e sonho que é domingo também
domingo em latim é dia do Senhor
mas pra quem é pagão é dia do Sol


às vezes eu prefiro a chuva


e no domingo tu vens