13.8.13

Nino

descalça os sapatos, que é pra me acompanhar
o caminho é comprido, fechado de árvores,
os pés sairão sujos e talvez machucados
mas com alguém do lado sempre parece que não vai demorar
e se tu for esse alguém eu até me sinto mais segura

me bota no colo e canta pra mim alguma canção que tu aprendeu
em uma das viagens por esse Brasil enorme
os quais em cada canto tu ligava pra gente e falava com o sotaque do lugar
e a gente morria de saudade

deixa eu guardar pra ti os cartões telefônicos que eu acho que tu ainda não tens
assistir televisão contigo e rir das tuas piadas
apertar tuas "bochechas de buldogue velho" e te abraçar
me conta as novidades da estrada

me leva pra passear no caminhão junto contigo
a gente pode levar toda a família
ir pra algum lugar bem longe e não voltar nunca mais
eu até fico sem comer pêssego, porque eu sei que tu detesta

deixa eu me pendurar nos teus ombros e fazer carinho nos teus cabelos brancos
redesenhar com canetinha a tatuagem no teu peito
te assistir enquanto dorme e ronca sentado no sofá
com as mãos cheias de anéis
a cabeça cheia de memórias
e o coração cheio de alegria e amor
forte

e vem logo que tá todo mundo te esperando



eu ainda quero ouvir muitas histórias tuas
fica mais um tanto por aqui
vive pra sempre na minha vida com esse jeito de meninão, vô

5.8.13

(só pra constar que eu gostei de ter você por perto)

Saudei o sol, as deusas, os deuses, o mar, a lagoinha
o céu
eles me saudaram de volta só mais tarde
deixando duas estrelas-cadentes entrarem no meu campo de visão
bem perto do rastro de poeira cósmica que eu vi na noite escura


Nasceu uma flor no dorso da minha mão
as pétalas brotaram naquele tom vermelho-rosado que eu gosto
o miolo bem no centro é marrom e vai se esvaindo pra um amarelo-ouro
as folhas são de um verde que eu nunca vi igual
e o perfume me faz viajar pra uma noite de música
poema
gaita
e chuva
Tô cuidando bem dela, eu juro pra quem quiser que eu jure
tem abelhas voando ao redor da minha cabeça
uns passarinhos pousando nos meus ombros
e borboletas no meu estômago


Afundei num poção de água gelada e prendi bem o ar dentro de mim
- dizem que o ideal é você tentar controlar essas coisas
nadar bem perto da margem
mas eu saí flutuando pelos meandros do rio
como sempre
eu adoro que a água me leve pra onde ela quiser
e aí eu deixo que me desague no mar, e me enrolo nas ondas