20.3.11

Meias brancas

Teus braços formaram um tecido ao meu redor, que caiu bem em meus ombros; tecido bonito, macio, parnasiano. O abraço foi rápido. O leito era pequeno mas tu te encaixaste nele de uma forma confortável e dormiu, ainda com o chiclete de hortelã na boca. O teu cabelo desarrumado, comprido e preto seguia as ondas do travesseiro que seguia as ondas dos teus sonhos. Eu te escutava falar enquanto dormias, contando peripécias, e a minha risada de volume controlado te deixava um pouco mais desperto.
Duas horas inteiras te olhei a dormir, preocupada com o calor, com a tua improvável doença, com a tua insanidade, pequeno irmão. E então o dia amanheceu e eu fui embora, e não voltei mais, não te vi nunca mais.


Não te consideres importante. É só porque tu pareces uma criança enquanto dorme.

3.3.11

Diariamente

Não tenho me mostrado inteira do jeito que sou.
Não tenho me expressado do jeito que gostaria.
Não tenho me cuidado direito e minha saúde anda falha.

Há algum tempo não escrevo a minha verdade.

Há algum tempo não mereço ser lida. Desculpe.