11.8.10

Da paz

Eu pego meu violão preto e empoeirado e com as cordas estourando, e me tranco no quarto todos os dias antes de dormir, e ensaio e ensaio todas as músicas que eu gostaria que tu escutasses, vindas de mim. E deito e durmo, e mesmo quando não acordo sorrindo, ou quando o frio vem abraçar-me de um jeito mais apertado, sei que o dia será bom, porque eu o faço assim.

E chego e converso com as cortinas vermelho-sangue da sala, e olho pra fora e ainda vejo as pipas lá em cima do morro, e tenho que contar pra ti que outro dia escutei tiros. Já quase dormia, mas os escutei, e foram muitos. E os senti todos, em partes diferentes de meu corpo, mesmo não sendo eu a pessoa que eles atingiam.

E eu tive medo pelas crianças cujos pais e cujas mães podem morrer pelas armas de quem manda, e me lembrei daquela que desenhou-me um anjinho e escreveu-me uma carta um dia. E tive medo de voltar e ela não estar mais lá, dela ter ido embora sem saber o quanto sempre a quis por perto.

Então eu peguei meu violão e tranquei-me no quarto, pra tocar músicas de ninar pra ela, mesmo ela estando tão longe. E ela ouviu, porque apareceu em meus sonhos, disse-me que eu era bonita, enroscou-se em meus cabelos, cantou pra mim e adormeceu.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito lindo teu texto =D

Derê disse...

Mto bom o texto, queria algum dia poder escrever bem assim!!! *-*
E desculpa por não conseguir fazer um comentário melhor, sou PÉSSIMO pra fazer comentários sérios x.x

Anônimo disse...

sempre me pedes pra comentar... e aqui estou. escreves muito bem, minha linda. continue assim, tenha sucesso. vais longe. te amo hoje e sempre <3 baby

Jey disse...

tempos que não olho o blog.
mas é muito talento pra ficar tanto tempo longe.
muito bom thainara, beijos