3.4.13

Sótão

-tem um lugar aqui nessa cidade que nunca chove
e nunca amanhece
e nunca nada muda
e só eu sei onde fica -
ela sussurrou entre os dentes que rangiam de frio

puxou-o pela manga da blusa
que tinha um desenho de bergamota no centro
arrastando-o em máxima velocidade
por todos os setenta e dois degraus
até o último andar da casa

-vês?

o teto era eterna noite
um bilhão de estrelas que dançavam

e o guri bonito de olhos bondosos
cabelos compridos e barba mal feita
confundiu todos os brilhos enquanto lacrimejava
e sussurrava pra todas as deusas e todos os deuses
-ela transborda alegrias pra todos os lados
derrama e encharca as paredes de todos os prédios
se aninha no meu ombro e espera meu beijo na testa
que eu não tenha medo de tanto amor
que eu não desperte nunca, por favor...

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