14.2.13

Tormenta

Vindo do céu, um aguaceiro resolveu inundar a casa
Molhou os lençóis da cama e resolveu que ali se formaria uma lagoa
de água morna
Desceu as escadas e foi-se através da porta, levando consigo roupas e sapatos
espalhando-os por todos os lados
Encontrou-me sentada nos tijolinhos da calçada do outro lado da rua
desenhando na areia um monte de furacões
tipo aqueles que eu sempre encontro ou faço ao longo do meu passeio por essa existência

"Não fale nada. Agora te conto um segredo e ele talvez te faça morrer um pouco..."

E essa chuva toda resolveu que seria divertido testar todo o seu alcance
Encharcou-me completamente e riu da minha cara
e a única coisa possível d'eu fazer foi esperar pacientemente toda essa vontade acabar
e fitar a pessoa que me olhava da janela retangular da casa
e que segurava um guarda-chuva que seria entregue a mim
mas não foi

"Talvez porque tu sabes que toda essa vida faz de ti uma louca..."

Quase instantaneamente, o Céu parou de chorar
pra abrir suas pernas de nuvens
e deixar aparecer o Sol enorme e um manto azulado

"Há uma tonelada de amor dentro desse coração, eu diria..."

Caos, sempre enroscado em meus cabelos
mordeu minha orelha e sussurrou
que se fosse possível ele sequestrava a minha alma



"Ainda assim, eu te peço que, por favor, 
Mate esse amor aos poucos
Não demonstre
Não me ame, não me ame, não me ame... 



Porque se isso acontecer
eu te abandono".

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