porque domingo sempre foi dia de nós
na segunda é que a gente (se) desfazia
iam junto as roupas espalhadas pelo chão da morada
a confusão de lençóis
e a trança desajeitada nos meus cabelos
que tu insistia em trançar mesmo sem ter habilidade nenhuma
da janela eu te via cruzar a porta que ainda tem tinta descascando
ela só te sentia de novo seis dias depois
segunda era dia de sorriso ao contrário
os meus pés se esticavam na cama mas não encontravam os teus
quem se encaixava em mim pra dormir eram as cobertas
o travesseiro acolhia os lamentos meus
eu penso em ti muito mais do que gostaria de pensar
mandei imprimir calendários com mais domingos que o tradicional
espalhei pela cidade e escutei os velhos e mesmos comentários
sobre minha (in)sanidade e (des)obediência
eles me odeiam
mas tu não e no domingo tu vens
ontem amanheci domingando, mas era terça
hoje eu sinto e sonho que é domingo também
domingo em latim é dia do Senhor
mas pra quem é pagão é dia do Sol
às vezes eu prefiro a chuva
e no domingo tu vens