25.10.09

Nanica.

Aconteceram muitas mudanças esse ano. Eu perdi muitas coisas que me eram valiosas. Apesar de tudo, eu tive que manter a cabeça levantada, porque minha vida não tinha acabado.
Eu não sei exatamente quando, onde ou como aconteceu, mas alguma vez eu levantei minha cabeça um pouco mais alto e tinha uma pessoa diferente na minha frente. Uma pessoa cuja fama de brigona e mal educada era realmente grande, e tal fama não mudou em nada até hoje o quanto eu gosto dela. Porque era apenas o que as pessoas diziam, e as pessoas dizem o que elas querem. Acredite ou não, se uma pessoa abre a boca pra falar de outra, geralmente ela não vai dizer coisas boas. As pessoas têm o hábito venenoso de falarem sempre o que elas sabem de ruim de alguém, mesmo que esse alguém tenha milhares de coisas boas pra se falar.
A pessoa mais alta que eu (não que seja relevante alguém ser mais alto do que eu), tem dois olhos muito escuros que muitas vezes me entendem além do normal e que me repreendem quando eu faço coisas que não são agradáveis. Ela também tem um abraço bom, uma risada interessante e algumas piadas prontas sobre todas as pessoas que se possa imaginar.

Bruni, eu não me importo se tu me magoas algumas vezes, se bates em mim forte demais quando quer brincar, se não vais tão bem na escola ou se me xingas tão carinhosamente. Eu só me importo de tê-la sempre comigo, do meu lado. Muito obrigada por tudo, eu te amo. :)

22.10.09

Aleatórias. Ou não.

Dois cachorros caminhando de forma sincronizada, debaixo da chuva. A chuva para, mas as nuvens continuam no céu. Um casal sentado no banquinho da rua. A rua coberta com as folhas que caíram das árvores. Das árvores, milhões de pássaros cantando sem melodia definida. A melodia doce que vem da janela do prédio azul-claro. Ao lado do prédio azul-claro, outro prédio, e na janela uma luneta apontada para o céu. O céu e o sol esforçando-se para aparecerem entre as nuvens. As nuvens cada vez maiores, fazendo do céu seu reino. Um rei de ninguém, descalço, tremendo de frio, esfomeado, gritando aos céus sua desgraça. O céu novamente, e agora ele está chorando. O choro da criança que caiu porque ficou olhando para os dois cachorros.

Dois cachorros caminhando de forma sincronizada, debaixo da chuva.

17.10.09

Órbita planetária


O som da TV no quarto, uma voz vinda de outro cômodo, a música ruim que vem da rua. O violão em cima de um sofá, o cobertor jogado sobre o outro, livros na estante e um cigarro queimando junto à janela. Milhares de luzes nos morros, nenhuma estrela no céu escuro.


Eu olho e escuto as coisas ao meu redor, e tento escrever alguma coisa que se resuma ao muito que não sei explicar. Eu tento escrever sobre as coisas que não sei explicar, e o muito ao meu redor se resume a tudo que olho e escuto. Eu explico o que olho e escuto, e muito do que escrevo parece não ter explicação.