eu sigo derramando gotas de tinta preta nas cartas que escrevo
(o que me faz lembrar
post-scriptum: "Como prova do meu amor, envio-lhe minhas lágrimas"*)
com os borrões eu faço floreios e enrosco todos nos cantos das páginas
as letras às vezes sorriem pra mim, que é pra eu sorrir de volta
me jogo nas linhas de uma costura que não tem forma
pela janela uma lua que mingua solta um murmúrio de solidão
as muitas constelações que eu aprendi a ler na aula de Astronomia dançam
enroscam-se as estrelas amantes
ontem à noite eu olhei pro céu e vi Marte
eu nunca sonhei com você**
e tu és doce igual ao inferno
queria que esse poema levasse o teu nome
tem flores debaixo dos meus pés, mas tem areia entre os meus dedos
o mar rugiu a tarde inteira
*Uma frase do "Crônica de uma Morte Anunciada", de Gabriel García Márquez ♥
** Ligia - Tom Jobim
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