20.10.12

De marinheiro

Paivatar fiou outro de seus tecidos dourados
e me presenteou, fazendo dele um vestido em tubo
enrolando-me desde os seios até pouco acima dos joelhos

e então assoprou minha nuca e sorriu
"vá e se deixe sentir, pedaço de mim"

meu amor resolveu nascer
rasgou meu lado interno com suas mãos leves
de amor sempre sincero, bondoso, puro
amor de menina
camada por camada até o exterior
aí esses meus olhos marearam e eu sorri
pro amor-meu sentado em minha frente feito Desperto
ele sorriu-me de volta,
lambeu o suor que escorria das minhas têmporas
doce

na ponta do lençol, ele fez um rasgo como fez em meu ventre
e passou o pano pela minha cintura,
delineando o curvar desse corpo-alma
que, agora desperto, ajeita a cama enquanto canta
e põe na infusão a canela recebida das mãos da avó

um nó de marinheiro enroscou tudo ao final
trempe, chicote ou singelo
depois ele trançou meus cabelos

e pôs as mãos leves nas minhas costelas




Crescente é a Lua no céu muito escuro
e ela sorri pra mim também...





Paivatar: descrita no poema finlandês "Kalevala" como a Virgem resplandescente, é uma deusa solar fiandeira, deusa do verão. O tear que ela tecia para si era de ouro; para sua irmã, Suvetar, a deusa da primavera, era de prata.

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