26.8.12

É chegada a hora de sentar-me na cadeira de balanço, trançar os cabelos queimados de sol
refletir sem ser num espelho o quanto o mundo descoloriu-me
e recoloriu-me
Minhas pernas sangram em microcortes causados pelos galhos baixos do caminho
corri me escondendo do sol do meio-dia que avermelhava minha pele
Feito mar de ressaca eu espalho minhas águas pra todos os lados
elas iniciam pelos meus olhos e escorrem pelo meu corpo,
pingam no chão formando desenhos explodidos
Quando as lágrimas secam em seu caminho formam-se ramos
eles enroscam-se em minhas orelhas, dão voltas em meus braços, abraçam meu quadril
e as flores surgem pequenas em meu pescoço, na cintura e atrás dos joelhos.

Eu tenho sentido uma grande chateação e certa angústia por causa do teu silêncio
ele me arranca desenhos cinzas e momentos inteiros de olhar-pro-teto
Te imagino sorrindo feito um bobo
sentado por cima da grama úmida de um lar de árvores
e sorrio por causa do enorme carinho que tenho por ti
Mas eu me sinto fraca e meus pés estão gelados
porque fraqueza e frio é o que sinto quando desperdiço ternura e afeto
com alguém que simplesmente me ignora.

E daí as lágrimas voltam a molhar meu rosto
agora bronzeado do mesmo sol que antes me queimava
Abro as janelas o máximo possível
e o vento vem fazer tremer os vidros e assusta meu gato gris
e ele sai correndo até a sala com paredes preenchidas de fotografias
Vou pra rua até perto daquele banquinho da praça
vinte mil passarinhos cantam preenchendo o meu vazio
e no canto deles, feito ramo de flor, eu enrolo-me.

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