Passeando pelas pontes e praças daqui eu ouvi uma história uma vez sobre uma garotinha cujos cabelos imitavam perfeitamente o movimento do lamber do vento nas folhas das árvores de uma plantação imensa de laranjeiras. Suas mãos permaneciam geladas pra temperar seguindo os ensinamentos de sua avó, e de acordo com os sentimentos. Eu ouvi sobre os céus estrelados que a encantavam e ela se perdia no tempo-espaço deitada na sacada, jogada sobre almofadas com cheiro de canela e funcho. E na casa com um poste laranja, depois da igreja velha, vivia um garoto que a encantava tanto quanto as estrelas e apenas por lembrar-se dele ela sorria. E o sorriso dele a matava. Talvez eu a tenha visto por aí.
A garotinha possuía um mundo dentro de si e mil amores pra viver, todos sempre errados e fora de hora. (Você não sente medo ou angústia de não existir a chance de conseguir viver e sentir uma potencial felicidade?). Depois do dia chuvoso, depois da melodia da música da noite, depois do quarto azul, ela sentiu solidão e chorou. O garotinho do sorriso partiu em alguma das madrugadas da semana seguinte levando o violão consigo. E o sorriso dele aparece de vez em quando nas noites bonitas. E ele é o gato da Alice e deixa a garotinha feliz por ainda sorrir entre as estrelas amarelas, mesmo que raramente. Ela ainda sente que sente amor e sabe que sente saudade.
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