Te fiz pássaro pra me acostumar com a ideia de que tuas asas, teus instintos e teus desejos tão egocêntricos te levariam pra longe de mim quando o frio chegasse.
Aprendi a ignorar a neve que caía pra fora da minha morada, e fui ensaiar na rua os passos das danças que te encantariam de novo quando tu voltasses.
Indiscutivelmente tão bonitas essas danças, te encantariam outra vez e te encheriam os ouvidos de música, a música que sai de mim enquanto sorrio.
Não tarda e vem o tempo quente me desenrolar do cobertor de lã que tricotei pra mim mas perfumei com o perfume teu, pra tê-lo junto a mim quando na verdade não o tinha.
A partir dos primeiros dias meio mornos mas quase completamente quentes eu já andava feliz pelas ruas agora sem neve, enganando a mim mesma e repetindo o tempo todo "Isso não será sazonal dessa vez".
Há algumas horas cheguei em casa e vi um recado teu preso à porta com um percevejo e uma pena de um pássaro qualquer: "Eu não quero mais tuas danças e tua música e teus encantos e eu não te quero mais."
2 comentários:
sempre choro contigo *.*
muito bom mesmo, parabéns, tens muito talento *-*
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