4.3.10

Cortina de flores

As gotas da chuva lá fora passam pela janela entreaberta, molhando o sofá que geme de velhice. Caem de um céu escuro e macabro. A luz do heliporto lá em cima do morro lança-se sobre os casebres tímidos e perigosamente vacilantes. Carros passam incessantemente na rua, parecem desfilar, mas na janela já não há alguém para olhá-los. Quem estava lá perdeu-se entre os lençóis descosturados e mal-cheirosos do colchão fino e desconfortável jogado ao canto do quarto. Mas esse alguém não importa-se com detalhes tão banais: está sonhando.

Um comentário:

raphael disse...

uau!
Minha pequena escritora pequenos versos tão singelos mas de intensa presença.
Formidável, eu vou ser mais um dos seus admiradores.
Beijos mana
Até qualquer dia.